Re: [Entrevistas] Com membros da aba local do Bitcointalk
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Em resposta ao convite do @bitmover, segue as respostas.
Perguntas:
1. Como e por que você se interessou por bitcoin e criptomoedas em geral?
Meu interesse inicial foi bem específico, eu tenho estudado sobre anarquismo há pelo menos uma década. Mas a literatura e a prática das iniciativas anarquistas sempre tiveram um problema com a escala. É dificuldade do consenso é exponencial. Quanto maior a comunidade, mais difícil é atingir uma resolução comum sem recorrer a centralização. Os ''grupos anarquistas'' nunca passam da casa das centenas de membros. E não necessariamente precisam passar, mas com o Bitcoin e com as criptomoedas, foi a primeira vez que a questão do consenso se tornou algo escalável em nível mundial. E eu fiquei completamente apaixonada por essa possibilidade e pela questão do consenso.
2. Quando e como você comprou o seu primeiro satoshi?
Eu descobri as criptomoedas em 2016 e comprei a primeira vez em uma exchange brasileira, mas eu depositei o dinheiro e achei que a compra tinha sido feita, só depois de alguns meses eu descobri que eu não tinha comprado, só adicionado saldo ;/
3. Como você descobriu o fórum bitcointalk?
Eu não sei exatamente, mas tenho a impressão que ''sempre soube dele'' na verdade. Como eu me interessei muito cedo por aspectos muito técnicos e pelas comunidades, o ''lugar em que Satoshi'' começou os debates sempre foi uma referência. Eu não sei como descobri, mas sempre foi como um descobrimento óbvio.
4. Você escreve para alguns dos maiores portais brasileiros de criptomoedas e blockchain. Como está o cenário do blockchain no Brasil?
É uma pergunta até controvérsia pra mim. Há uns dois ou três anos atrás, eu participei de um mapeamento sobre o setor, o radar block tech. Mapeamos váriaaaas empresas e muita coisa aconteceu nesse tempo. Mas sempre que eu preciso de cases extremamente práticos, eu sinto dificuldade de encontrar. Há uns meses, eu procurei empresas relacionadas à saúde. Eu encontrei DUAS no Brasil, mas infinitos cases em potencial.
Atualmente, ando procurando iniciativas sociais (agricultores, comunidades, escolas…) que tenham sido realmente impactadas pela tecnologia blockchain e pelas criptomoedas, eu encontrei TALVEZ, uma (que usa uma DLT privada). Então, apesar de haver muita coisa rolando. Temos fundos regulados pela CVM, o primeiro ETF do mundo sendo lançado por uma empresa cripto, negociação de créditos de carbono com blockchain na B3… ainda há muuuuuuuuuuita coisa a ser feita.
5. É muito comum lermos análises de economistas e cientistas da computação sobre o Bitcoin. Sua formação é tanto incomum nesse meio. Como antropóloga, como você vê o Bitcoin?
Eu vejo o Bitcoin como uma ilusão coletiva, tal como o Estado ou a própria noção de dinheiro. E eu sempre tento entender ela através das narrativas que são apresentadas. E claro, ser uma ilusão não significa que algo não é muito forte. Há um código, e ele quer fizer algo muito específico, pra um grupo específico, pode ser a narrativa do Satoshi. Ou a narrativa de Venezuelanos. Mas a partir do momento que a ideia foi para o mundo, ela assume diferentes propósitos. Apesar de nunca ter escrito nada como antropóloga sobre cripto, a antropologia econômica (que é minha formação) sempre me ajuda a pensar. Existe um texto muito incrível do Nick Szabo, chamado '' Shelling Out: The Origins of Money'' em que ele debate sobre cripto através da antropologia. Acho que o texto expressa bem minha perspectiva, entender como diferentes pessoas, grupos, culturas e séculos entendem o dinheiro, me dá ferramentas pra entender as diferentes formas através das quais o Bitcoin pode se materializar.
6. Temos poucas mulheres na nossa comunidade. Conte-nos um pouco da iniciativa Mulheres Falam sobre Bitcoin.
O Mulheres Falam sobre Bitcoin foi uma reação prática à falta de mulheres no ecossistema cripto. Debater a origem da desigualdade entre homens e mulheres é algo interessante até, mas dificilmente é algo efetivo. Eu entendo porque as mulheres as vezes não querem se manifestar em ambientes majoritariamente masculinos. Aí, tentei criar ambientes mais propícios à participação feminina. O que eu acho infinitamente melhor do que evento para ''resaltar/debater a participação feminina''. Na real, eu sempre me recuso a participar disso. E todas as vezes que fiz algo prático, sempre deu muuuuito certo. O primeiro evento teve quase 100 mulheres em uma cidade do interior, o segundo evento, teve o record de inscrições de um evento do lugar... Então sempre foi algo muito efetivo e gratificante pra mim. Infelizmente, é um projeto que não me dediquei tanto quanto ele merece.
E no final, se o número de mulheres fosse igual ao dos homens, veríamos o mercado duplicar
7. O que impede a adoção em massa do Bitcoin?
Taxas, usabilidade, conhecimento, segurança. Não acho que exista um fator apenas.
8. O que você acha do PayPal aceitar Bitcoin como forma de pagamento?
Infelizmente, eu só penso em músicas de recalque e como o PayPal e vários executivos sempre se posicionaram contra o BTC e como agora, parece que o Btc que faz um favor ao PayPal hahahahahhahaha
9. Qual a sua opinião sobre DEFI?
Acho que sempre sabemos mais do que acreditamos saber e muito mais do que somos capazes de articular. A titulação, o nome para DeFi surgiu muito depois da própria ação. Nossas percepções e intuições, e o desenvolvimento de todas as tecnologias de protocolos digital criptográfico dos cypherpunks são DeFi, só não haviam sido nomeados assim.
O que acontece, é que agora talvez a coisa esteja tão grande e as opções ao sistema tradicional se tornaram tão evidentes, que aquilo que era antes, ''sui generis'', agora merece um nome próprio. DeFi são incríveis, mas acho que são tudo o que sempre estivemos apreciando em cripto, a descentralização da economia.
10. Qual será o preço do bitcoin, em reais, até o final do ano de 2020?
''I don't know, but KNOW I'M A BAD TRADER, In a zero-sum game such as this, traders can only take your money if you sell.
so i've had some whiskey
and I HODLING''.
Em resposta ao convite do @bitmover, segue as respostas.
Perguntas:
1. Como e por que você se interessou por bitcoin e criptomoedas em geral?
Meu interesse inicial foi bem específico, eu tenho estudado sobre anarquismo há pelo menos uma década. Mas a literatura e a prática das iniciativas anarquistas sempre tiveram um problema com a escala. É dificuldade do consenso é exponencial. Quanto maior a comunidade, mais difícil é atingir uma resolução comum sem recorrer a centralização. Os ''grupos anarquistas'' nunca passam da casa das centenas de membros. E não necessariamente precisam passar, mas com o Bitcoin e com as criptomoedas, foi a primeira vez que a questão do consenso se tornou algo escalável em nível mundial. E eu fiquei completamente apaixonada por essa possibilidade e pela questão do consenso.
2. Quando e como você comprou o seu primeiro satoshi?
Eu descobri as criptomoedas em 2016 e comprei a primeira vez em uma exchange brasileira, mas eu depositei o dinheiro e achei que a compra tinha sido feita, só depois de alguns meses eu descobri que eu não tinha comprado, só adicionado saldo ;/
3. Como você descobriu o fórum bitcointalk?
Eu não sei exatamente, mas tenho a impressão que ''sempre soube dele'' na verdade. Como eu me interessei muito cedo por aspectos muito técnicos e pelas comunidades, o ''lugar em que Satoshi'' começou os debates sempre foi uma referência. Eu não sei como descobri, mas sempre foi como um descobrimento óbvio.
4. Você escreve para alguns dos maiores portais brasileiros de criptomoedas e blockchain. Como está o cenário do blockchain no Brasil?
É uma pergunta até controvérsia pra mim. Há uns dois ou três anos atrás, eu participei de um mapeamento sobre o setor, o radar block tech. Mapeamos váriaaaas empresas e muita coisa aconteceu nesse tempo. Mas sempre que eu preciso de cases extremamente práticos, eu sinto dificuldade de encontrar. Há uns meses, eu procurei empresas relacionadas à saúde. Eu encontrei DUAS no Brasil, mas infinitos cases em potencial.
Atualmente, ando procurando iniciativas sociais (agricultores, comunidades, escolas…) que tenham sido realmente impactadas pela tecnologia blockchain e pelas criptomoedas, eu encontrei TALVEZ, uma (que usa uma DLT privada). Então, apesar de haver muita coisa rolando. Temos fundos regulados pela CVM, o primeiro ETF do mundo sendo lançado por uma empresa cripto, negociação de créditos de carbono com blockchain na B3… ainda há muuuuuuuuuuita coisa a ser feita.
5. É muito comum lermos análises de economistas e cientistas da computação sobre o Bitcoin. Sua formação é tanto incomum nesse meio. Como antropóloga, como você vê o Bitcoin?
Eu vejo o Bitcoin como uma ilusão coletiva, tal como o Estado ou a própria noção de dinheiro. E eu sempre tento entender ela através das narrativas que são apresentadas. E claro, ser uma ilusão não significa que algo não é muito forte. Há um código, e ele quer fizer algo muito específico, pra um grupo específico, pode ser a narrativa do Satoshi. Ou a narrativa de Venezuelanos. Mas a partir do momento que a ideia foi para o mundo, ela assume diferentes propósitos. Apesar de nunca ter escrito nada como antropóloga sobre cripto, a antropologia econômica (que é minha formação) sempre me ajuda a pensar. Existe um texto muito incrível do Nick Szabo, chamado '' Shelling Out: The Origins of Money'' em que ele debate sobre cripto através da antropologia. Acho que o texto expressa bem minha perspectiva, entender como diferentes pessoas, grupos, culturas e séculos entendem o dinheiro, me dá ferramentas pra entender as diferentes formas através das quais o Bitcoin pode se materializar.
6. Temos poucas mulheres na nossa comunidade. Conte-nos um pouco da iniciativa Mulheres Falam sobre Bitcoin.
O Mulheres Falam sobre Bitcoin foi uma reação prática à falta de mulheres no ecossistema cripto. Debater a origem da desigualdade entre homens e mulheres é algo interessante até, mas dificilmente é algo efetivo. Eu entendo porque as mulheres as vezes não querem se manifestar em ambientes majoritariamente masculinos. Aí, tentei criar ambientes mais propícios à participação feminina. O que eu acho infinitamente melhor do que evento para ''resaltar/debater a participação feminina''. Na real, eu sempre me recuso a participar disso. E todas as vezes que fiz algo prático, sempre deu muuuuito certo. O primeiro evento teve quase 100 mulheres em uma cidade do interior, o segundo evento, teve o record de inscrições de um evento do lugar... Então sempre foi algo muito efetivo e gratificante pra mim. Infelizmente, é um projeto que não me dediquei tanto quanto ele merece.
E no final, se o número de mulheres fosse igual ao dos homens, veríamos o mercado duplicar
7. O que impede a adoção em massa do Bitcoin?
Taxas, usabilidade, conhecimento, segurança. Não acho que exista um fator apenas.
8. O que você acha do PayPal aceitar Bitcoin como forma de pagamento?
Infelizmente, eu só penso em músicas de recalque e como o PayPal e vários executivos sempre se posicionaram contra o BTC e como agora, parece que o Btc que faz um favor ao PayPal hahahahahhahaha
9. Qual a sua opinião sobre DEFI?
Acho que sempre sabemos mais do que acreditamos saber e muito mais do que somos capazes de articular. A titulação, o nome para DeFi surgiu muito depois da própria ação. Nossas percepções e intuições, e o desenvolvimento de todas as tecnologias de protocolos digital criptográfico dos cypherpunks são DeFi, só não haviam sido nomeados assim.
O que acontece, é que agora talvez a coisa esteja tão grande e as opções ao sistema tradicional se tornaram tão evidentes, que aquilo que era antes, ''sui generis'', agora merece um nome próprio. DeFi são incríveis, mas acho que são tudo o que sempre estivemos apreciando em cripto, a descentralização da economia.
10. Qual será o preço do bitcoin, em reais, até o final do ano de 2020?
''I don't know, but KNOW I'M A BAD TRADER, In a zero-sum game such as this, traders can only take your money if you sell.
so i've had some whiskey
and I HODLING''.